sexta-feira, 3 de agosto de 2018

Monumento à Aleijadinho


Foto e texto enviados por Mariana Tanure

Legenda:
Artista: Sylvio de Vasconcellos
Data: 1969
Local: Gramado em frente à Reitoria da UFMG, no Campus Pampulha.
Foto: Mariana Tanure


O monumento foi instalado em 1969, em homenagem ao artista barroco Antônio Francisco Lisboa, mais conhecido como Aleijadinho, tendo sido criado pelo artista belorizontino Sylvio Carvalho de Vasconcellos (1916-1979). Sylvio foi historiador, escritor, pesquisador, arquiteto, professor da Faculdade de Arquitetura da UFMG e um dos pioneiros da arquitetura modernista brasileira em Minas Gerais. Também dirigiu o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional em Minas Gerais (IPHAN-MG) por 30 anos.
O monumento integra o conjunto arquitetônico e paisagístico da Reitoria, juntamente com o espelho d'água, ambos tombados pelo Patrimônio Histórico e Cultural de Belo Horizonte. A escultura é composta de duas partes de cilindro de concreto entrelaçado que lembram uma coroa, também integra sua estrutura a plataforma de 25 por 45 metros, feita de pedras Itacolomi vermelhas, sobre a qual foi instalada. O monumento simboliza dois elementos: o domínio da técnica pelo homem e a aspiração, que é representada pela parte ascendente.
Aleijadinho foi um artista mineiro que nasceu em Vila Rica (Ouro Preto), estima-se que em 1730. Ele aprendeu o ofício observando o pai que também era entalhador e a pedra-sabão foi, juntamente com a madeira, o material mais utilizado em suas esculturas. Essa preferência do artista por esse material certamente influenciou Sylvio de Vasconcellos, pois o Monumento à Aleijadinho foi totalmente recoberto de pastilhas de pedra-sabão, também conhecidas como pastilhas de serpentinito.
Em 2017, em comemoração aos 90 anos da UFMG, o monumento passou pelo primeiro processo de restauração desde sua instalação, e as pastilhas tiveram que ser recolocadas, pois muitas haviam se descolado com o passar dos anos. A restauração também incluiu os reservatórios em frente à reitoria. Anteriormente, foram discutidas as formas e materiais a serem usados na restauração. Em 1977, Vasconcellos foi consultado sobre a substituição das pastilhas de pedra-sabão por outro material, diante da dificuldade de se encontrar pedras na mesma coloração, o arquiteto  chegou a sugerir mosaicos vítreos transparentes, felizmente, a equipe responsável pela restauro resolveu manter o material original, evitando assim, o que o restaurador e crítico de arte Cesare Brandi descreveu como falso artístico: "A restauração deve visar ao restabelecimento da unidade potencial da obra-de-arte, desde que isso seja possível, sem cometer um falso artístico ou um falso histórico, e sem cancelar nenhum traço da passagem da obra-de-arte no tempo” (BRANDI, 2004, p. 33).


Referências

ARAÚJO, Ana Rita. Aleijadinho agradece. Disponível em: < https://www.ufmg.br/90anos/aleijadinho-agradece/ > 

BASTOS, Chico. Escola de Arquitetura da UFMG e BDMG Cultural celebram o Centenário de Sylvio de Vasconcellos. Disponível em: <http://www.ouropreto.com.br/secao/artigo/escola-de-arquitetura-da-ufmg-e-bdmg-cultural-celebram-o-centenario-de-sylvio-de-vasconcellos> Acesso em: 26 Jul. 2018.

BRANDI, Cesare. A teoria da restauração. São Paulo: Ateliê Editorial, 2004.

https://www.ufmg.br/online/arquivos/046639.shtml