Legenda:
Artistas: Antônio Rego, Antônio Gonçalves de
Gravata, José Amadeu Mucchiuti
Data: 1924
Local: Praça Sete de Setembro
– Centro
O
Obelisco, popularmente chamado de Pirulito está inserido na Praça Sete de
Setembro, conhecida por Praça Sete, e é uma referência para os
belo-horizontinos, um local circundado por grandes construções arquitetônicas,
como o Cine Teatro Brasil (1932), o Banco da Lavoura (1956), O Banco Mineiro de
Produção (1953), o prédio do Banco Hipotecário e Agrícola do Estado de Minas
Gerais, construído no século XIX, hoje ali funcionando o Posto de Serviço
Integração Urbana - PSIU[1].
A
Praça, conforme esclarecem Nascimento e Braga,
[...] não foi
concebida como “praça” na acepção do termo no traçado original da cidade: seus
limites resultavam do cruzamento das Avenidas Afonso Pena e Amazonas e das ruas
dos Carijós e Rio de Janeiro. Seus espaços de permanência são, na verdade,
quarteirões fechados posteriormente entre as ruas que a conformam (NASCIMENTO E
BRAGA, 2014, p.1439).
Nesse
cruzamento, concebido como “praça”, a presença do Obelisco potencializa o
caráter simbólico do lugar considerado centro da cidade.
O
Obelisco foi desenhado pelo arquiteto Antônio Rego e construído pelo engenheiro
Antônio Gonçalves Gravatá que concretizou a obra no estilo abstrato[2],
isto é, a escultura pensada como construção e não como representação da
realidade.
Para
tanto, utilizou-se do granito, a fim de dar uma forma. A obra se assemelha a uma agulha com 7 metros de
altura sobre uma base de pedra quadrangular de 6,57 metros, elevando a obra
para 13,57 metros, adornado por quatro postes colocados em cada uma das suas
arestas, e assim atribuindo um caráter de monumentalidade.
Dessa
forma, foi instalado, na confluência da Avenida Amazonas com a Avenida Afonso
Pena, o chamado Marco Zero do hipercentro de Belo Horizonte, conforme relatam
Teixeira; Oliveira (2008, p.16): “na planta do projeto da cidade, elaborada
pelo engenheiro Aarão Reis no final do século XIX, o traçado foi desenhado a
partir de uma cruz formada por duas grandes vias que se cortavam
perpendicularmente”.
Nesse
cruzamento que marcava o centro da cidade foi o local da antiga Praça Doze de
Outubro, em homenagem a chegada de Cristóvão Colombo na América. Já em 1922,
durante as comemorações do Centenário da Independência Brasileira, essa muda de
nome e passa a se chamar Praça Sete de Setembro, ocasião em que foi lançada a
pedra fundamental do Obelisco com o objetivo de acentuar a centralidade da
cidade.
A
inauguração do obelisco nesse local se deu dois anos mais tarde. O Pirulito foi
uma doação do povo de Betim e inaugurado em 7 de setembro de 1924, como uma
homenagem ao primeiro Centenário da Independência[3].
Esse
permaneceu no local até 1962, tendo sido depois transferido, como
esclarece Teixeira; Oliveira; (2008), a escultura foi transferida para o Museu
Histórico Abílio Barreto a pedido do prefeito Amintas de Barros, para ceder
lugar ao monumento em homenagem aos fundadores da cidade, mas no ano seguinte,
1963, por ordem do prefeito Jorge Carone Filho, que assumiu o governo de Belo
Horizonte, foi deslocada para a Praça Diogo de Vasconcelos, conhecida como
Praça da Savassi, numa espécie de transferência de símbolos, permanecendo até
1980, quando, por determinação do novo prefeito, Maurício Campos, retorna ao
seu lugar de origem, agora de menor impacto quanto à socialização,
relativamente aos quarteirões fechados, destinados aos pedestres, todavia, como
resgate histórico. É importante ressaltar que em 1977 o Obelisco foi tombado
pelo IEPHA.
Essas
mudanças do Obelisco, conforme Cruvinel (2012, p.73), “demonstram os primeiros
sinais de alteração dos monumentos, em decorrência das transformações urbanas,
culminado em uma expressiva intervenção para a história do perímetro”. Na
concepção de Cruvinel, a localização do Monumento Comemorativo ao Centenário é
representativa no campo histórico, político e espacial. Hoje se tornou palco de
manifestações da sociedade, caracterizando-a como praça.
A
presença do Obelisco na época da sua implantação ofereceu ao espaço valores de
monumentalidade e valor de funcionalidade, serviu como rotatória, conforme
esclarece Freitas (2006), “as primeiras fotos e comentários da época já
demonstravam o papel do objeto na intenção de converter a centralidade linear
da Avenida Afonso Pena em radial ou pontual, desvio considerável da concepção
urbana original de Aarão Reis”.
Com
sua retirada, devido ao tráfego e a necessidade da desobstrução das avenidas, o
espaço se transforma em um “apagão de símbolos”, baseados nesses valores
funcionalistas.
Do
ponto de vista formal e de acordo com a teoria da Gestalt[4],
a arte se funda no princípio da pregnância da forma. Gomes (2000, p. 17) relata
que na formação de imagens, os fatores de equilíbrio, clareza e harmonia visual
constituem para o ser humano uma necessidade, e que por isso é considerada
indispensável.
Na
escultura Obelisco, a unificação da imagem é notável nas suas unidades: a
unidade correspondente à forma da agulha e as subunidades que constituem a
base, tornando-a equilibrada. A harmonia
da escultura é percebida pelo alto grau de ordenação entre essas partes. O
recorte diagonal na parte superior da obra, no formado de agulha, confere
leveza e sentido de elevação na escultura.
[1] As datas das construções arquitectónicas que compõem o cenário da
Praça Sete estão mencionadas no texto disponível em : <http://www.belohorizonte.mg.gov.br> com
acesso em: 01 maio 2015
[2] Arte abstrata é um estilo
que rompe com as representações concretas da realidade para compor obras,
utilizando-se das relações formais entre linhas, planos, superfícies, cores.
[3] Informações disponíveis em:
http://bairrosdebelohorizonte.webnode.com.br/news/a-classica-historia-de-bh-/
[4]A teoria da Gestalt
é uma teoria sobre o fenômeno da percepção, publicado por GOMES, João Filho.
Gestalt do objeto: sistema de leitura visual da forma.
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